domingo, 15 de maio de 2016

A formação das línguas indo-européias

     "CF, art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.".
    Ao apresentar o resultado da pesquisa sobre a formação das línguas indo-européias, Émile Benveniste (O Vocabulário das Instituições Indo-Eropéias, Campinas, SP, Editora UNICAMP, 1995, II Volumes), em prefácio, escrevera: "A obra que aqui se apresenta em seu primeiro volume traz um título explícito. Ela resulta de pesquisa cujo objeto abrange uma parcela considerável do vocabulário indo-europeu. Mas a natureza dos termos nesse vocabulário, o método aplicado e a análise proposta demandam alguns esclarecimentos. Entre as línguas do mundo, as da família indo-européia se prestam às investigações mais extensas no tempo e no espaço, às mais variadas e mais aprofundadas, pelo fato de que essas línguas se estenderem da Ásia Central ao Atlântico, têm uma idade comprovada de quase quatro milênios, estão ligadas a culturas de níveis diferentes, mas muito antigas e algumas delas das mais ricas que já existiram, e, por fim, várias dessas línguas produziram uma literatura abundante e de grande valor. Por esse fato também, elas constituíram por muito tempo objeto exclusivo da análise linguística. O indo-europeu se define como uma família de línguas oriundas de uma língua comum e que se diferenciaram por separação gradual. É, portanto, um imenso acontecimento global que tomamos em seu conjunto, porque ele se decompõe no decorrer dos séculos numa série de histórias distintas, cada qual referente a uma língua particular. O admirável, na medida em que as fases dessas migrações e implantações continuam desconhecidas a nós, é que possamos designar com segurança os povos que fizeram parte da comunidade inicial e reconhecê-los, à exclusão de todos os demais, como indo-europeus. A razão disso é a língua, e apenas a língua. A noção de indo-europeu vale, primeiramente, como noção linguística e, se podemos estendê-la a outros aspectos da cultura, será também a partir da língua. O conceito de parentesco genético não possui um sentido tão preciso e uma justificação tão clara em nenhum outro domínio linguístico. Encontramos no indo-europeu o próprio modelo das relações de correspondência que delimitam uma família de línguas e permitem reconstruir seus estados anteriores, até a unidade original. Desde um século, o estudo comparativo das línguas indo-européias tem seguido em duas direções de sentidos opostos, mas complementares. De um lado, procede-se a reconstruções fundadas nos elementos, simples ou complexos, que, entre as línguas diferentes, são passíveis de comparação e podem contribuir para restituir o protótipo comum, sejam eles, fonemas, palavras inteiras, desinências flexionais etc. Colocam-se assim modelos que, por sua vez, servem para novas reconstruções. De outro lado, num procedimento em sentido oposto, parte-se de uma forma indo-européia bem estabelecida para seguir as formas dela derivadas, as vias da diferenciação, os conjuntos novos assim resultantes. Os elementos herdados da língua comum se encontram incorporados a estruturas independentes, que são as de línguas particulares; a partir daí, eles se transformam e adquirem valores novos no seio das oposições que se criam e que são por eles determinadas. Cumpre, pois, estudar de um lado as possibilidades de reconstrução, que unificam vastas séries de correspondências e revelam a estrutura dos dados comuns, de outro lado o desenvolvimento das línguas particulares, pois aí está o campo fértil, aí germinam as inovações que transformam o sistema antigo. É entre esses dois pólos que se move o comparatista, e seu esforço visa precisamente distinguir as conversações e as inovações, explicar as identidades e também as discordâncias. Às condições gerais impostas pelo princípio da comparação entre línguas comam-se as particularidades próprias ao domínio lexical, no qual se inclui o presente estudo. [...]". 
     A importância da divulgação desse discurso está em que durante os últimos trinta anos, uma das áreas acadêmicas que mais têm crescido é a dos estudos sobre a tradução. A tradução revela-se uma vertente promissoras àqueles que estão se formando nas universidades e pretendem buscar alternativas dentro da área em que se formarem e o Direito desponta como uma das importantes. Assim, seguindo o discurso de Wagner Lenhardt (Liberdade e Propriedade A inerente e verdadeira relação entre Direito de Propriedade e Liberdade - UFJF - Centro de Pesquisas Estratégicas "Paulo Soares de Sousa"), "a) A idéia de manter a população no campo é uma sentença de miséria. Está muito claro que o campo não tem condições de gerar riqueza suficiente para trazer o progresso e o desenvolvimento econômico almejados pela modernidade. Prova disso são os países desenvolvidos. Atualmente, uma parcela residual das populações dessas nações vive no campo. Mais, a representatividade do setor primário no PIB é extremamente baixa nessas sociedades, o que obviamente significa a impossibilidade de manter um grande número de pessoas com uma renda elevada. O fato concreto é que o futuro da humanidade está no ambiente urbano, principalmente, no setor de serviços e no trabalho intelectual. Tentar contrariar essa tendência só tornará possível um objetivo: a manutenção da miséria nos países em desenvolvimento.". Então, para quem já está investindo tempo e recursos na formação universitária, a atenção a essa advertência parece salutar. E mais, ninguém tornar-se-á intelectual de verdade, com boa produção, se não considerar seriamente a profundidade do que deseja construir.

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