sábado, 26 de março de 2016

Atalhos e Caminhos

     Quem procura atalho procura trabalho: reza o dito popular. Na linha desse trocadilho, Eduardo Almeida (publicitário, palestrante, escritor) escreveu, sob o título acima: "Vire à esquerda, eu conheço um atalho, sinalizou meu amigo Marcos com entusiasmo, pois estávamos perigosamente atrasados para uma apresentação de projeto. Ocorre que o tal "atalho" se converteria em uma verdadeira epopeia na procura de nosso destino por mais de uma hora, fazendo-nos assim perder a reunião e a perspectiva de um importante contrato. Ou seja, em apenas uma hora (e um atalho) jogamos fora o que demoramos semanas para preparar. Mais de 15 anos passados do episódio, fico me perguntando quantas vezes tentei encontrar "atalhos" em minha vida - rotas que me levassem de forma rápida e segura ao meu destino. Certamente não foram poucas, ma por fim entendi: a vida não tem atalhos! Com esta súbita compreensão, descobri que para chegar ao meu destino não precisava de atalhos, mas sim de consistência. Quem procura atalhos já demonstra que não está preparado para o esforço, o sacrifício e a dedicação que fazem parte de todos os grandes projetos de vida. Hoje sei que eu certamente não estava. Nesse processo, felizmente compreendi também que vencer na vida não significa correr para alcançar o sucesso: significa antes caminhar diligentemente em direção à grandeza. Qual a diferença? Pessoas que buscam o sucesso têm muita pressa, pois se sentem incompletas e, por esse motivo, precisam que outras lhes digam qual é o seu valor. Assim, na esperança de se sentirem valorizadas, compram tudo o que não precisam, com o dinheiro que não têm, para impressionar quem não gostam! Já quem busca a grandeza o faz por reconhecer seu próprio valor (ou seriam valores?). Este é o caso de Steve Jobs, Bill Gates, mas também de exemplos como nossa querida Zilda Arns, que, inconformados com a sociedade, tentaram criar produtos, serviços ou projetos que a ajudassem a melhorar. Devido ao trabalho que realizo, tenho o prazer de conviver com grandes profissionais e seres humanos. E com isso posso afirmar sem medo que, para a grande maioria deles, suas carreiras e vidas são sempre pautadas pela busca da grandeza muito mais do que pelo sucesso. Sim, eu não nego que existem no mundo do trabalho (e da política) aqueles a quem chamo de "tartaruga sobre o poste" - gente que para estar onde está, certamente foi colocado lá, pois não demonstra ter competência ou fibra moral para ter subido por seu próprio mérito. Mas esses são sempre cercados por medos e inseguranças, justamente por saberem que "os atalhos" que tomaram não os prepararam para as batalhas que agora enfrentam. Por isso hoje, talvez mais sábio, quando me deparo com uma encruzilhada, procuro sempre fugir dos atalhos, escolhendo assim os caminhos que foram menos trilhados. Entendi que esses, se não são os mais fáceis ou rápidos, certamente sã os que mais me fazem crescer. Afinal, tão importante quanto o nosso destino é o que aprendemos em nossa caminhada, não é mesmo? Então, se você concorda com isso, aqui lhe deixo um importante questionamento: para que tanta pressa?
     Essa narrativa traz várias e importantes lições, razão pela qual tomei a liberdade, com a possível licença presumida do autor, em divulgá-la. Eis o entendimento de que: "O vento nunca é favorável a quem não tenha um porto de chegada previsto." (Sêneca), ao mesmo tempo em que "[...] ninguém determina do princípio ao fim o caminho que pretende seguir na vida; só nos decidimos por trechos, na medida em que vamos avançando" (Montaigne). Com lições dessa envergadura, passos firmes e corajosos, a meta, qualquer que seja ela, será atingida. Meta é, conforme Couture, em suas acepções latina e grega, respectivamente, o término de uma carreira e o que o transcende. Por esse motivo, nunca saberemos, até que ponto a vitória é um fim ou um novo começo, e em função de que misteriosas razões, nas expressões superiores da advocacia, não há outra conquista senão aquela que deixa abertos, indefinidamente, entre nós, os caminho do bem e da virtude.

domingo, 20 de março de 2016

A Arte de Escrever Bem

     Dad Squarisi e Arlete Salvador escreveram, sob o título acima, excelente livro. Na apresentação, dizem: "É possível escrever bem. Escrever está na moda. As novas tecnologias de comunicação, quem diria, ressuscitaram o valor da escrita. Já não se escrevem cartas como antigamente, mas concisas mensagens eletrônicas. Já não se admitem relatórios longos e complexos. E os vestibulares? Estudante não entra na faculdade se falhar na redação. Nunca se precisou tanto da escrita quanto agora. Ensinar a escrever é tarefa para professores. Jornalistas podem contribuir para aprimorar a técnica de repórteres mais jovens. Profissionais da imprensa são forjados na prática. Trabalham com a experiência adquirida ao longo dos anos de atividade. Gerações deles foram educadas nos gritos das redações e na humilhação pública, quando suas matérias eram jogadas na lata do lixo. Ajuda vale mais que gritos. Este livro se propõe ajudar estudantes a escrever bem. Temos clareza das limitações do desafio. Escrever é atividade complexa, resultado de boa alfabetização, hábito da leitura, formação intelectual, acesso a boas fontes de informação e muita, muita prática. Além, é claro, de algo que vem de Deus ou do DNA, quem sabe? - o talento individual.[...]".
     Nesse caminho de ajuda, Luiz Antônio Marcuschi, ao apresentar o livro (Lutar com Palavras), da Professora Irandé Antunes, o faz: "TUDO O QUE VOCÊ QUERIA SABER SOBRE COMO CONSTRUIR UM BOM TEXTO SEM SE ESTRESSAR. Este trabalho da professora universitária e pesquisadora de língua portuguesa, Irandé Antunes, é mais do que um trabalho sobre a coesão e a coerência textuais. É, sobretudo, um exercício de tradução, em palavras simples e compreensíveis ao leigo, daqueles conceitos teóricos e técnicos que aparecem nos sisudos manuais de língua textual. E que muitas vezes passam, sem qualquer mediação explicativa, para os livros didáticos, e a professora ou o professor sequer conseguem saber do que se trata. A capacidade de dizer de maneira simples o complexo é uma das tantas virtudes da obra que você está começando a ler. De fato, é comum que as professoras e os professores, no ensino fundamental e médio, e também no nível universitário, assinalem nas margens de redações ou de trabalhos de curso expressões como "falta coesão" ou "não tem coerência". Mas o que está mesmo faltando neste caso? O que deveria ser feito para suprir a tal lacuna de coesão e coerência? É disso que esta breve e substantiva análise trata com naturalidade e muita intimidade, com se estivesse ensinando a fazer uma comida gostosa. E tudo isso sem dar receitas simples ou superficiais, além de mostrar a segurança de quem tem uma longa experiência neste tipo de assunto. Digo isto porque conheço Irandé Antunes e seu trabalho sério de há muito tempo, desde que se ocupava dessas questões no começo da década de 1980, quando escreveu sua dissertação de mestrado sob minha orientação, tendo em seguida desenvolvido tese de doutorado sobre a coesão textual na Universidade de Lisboa, que acabou se transformando no primeiro livro didático exclusivamente ao assunto no Brasil. Esta familiaridade com o tema, aliada a uma enorme experiência com professores da rede pública no ensino fundamental e médio, bem como em universidades públicas e particulares, deu à autora uma sensibilidade incomum para o tom adequado à exposição que atinge o leigo e não enerva o técnico e teórico exigente, pois não é superficial. Essas virtudes vêm aqui aliadas a um texto muito bem humorado e escrito com paixão e carinho, pensando sempre nos leitores. Sob o ponto de vista teórico, a autora mostra parte da ideia de que a língua não se acha confinada às regras da gramática, nem é uma questão de certo e errado, mas é uma atividade social que cria as condições da interação e dos processos comunicativos em geral. Além disso, sustenta que "escrever é, como falar, uma atividade de interação, de intercâmbio verbal. Por isso é que não tem sentido escrever quando não se está procurando agir com outro, trocar com alguém alguma informação, alguma ideia, dizer-lhe algo, sob algum pretexto". Escrever é uma atividade que exige um movimento para o outro, definindo este outro como seu interlocutor. E é nesta relação que o próprio autor se constitui. Ninguém escreve sem um destinatário. É claro que, nessa visão, o que mais conta não vai ser a ortografia nem a simples regra de concordância e sim o desenvolvimento das ideias e a distribuição dos tópicos, a seleção lexical, a contextualização, o estilo que vão produzindo a adequação da escrita. Para autora, "isso equivale a admitir que a coerência do texto é: linguística, mas é também contextual, extralinguística, pragmática, enfim, no sentido de que depende também de outros fatores que não aqueles puramente internos à língua". A língua enquanto sistema de formas não comanda tudo. Baseada nessas premissas, Irandé Antunes, conhecida por seu trabalhos sobre língua portuguesa numa linha inovadora e ligada à linguística textual e à análise da sociointeração, desenvolve uma série de argumentos mostrando como os textos são muito mais do que simples formas. Como apontado, o núcleo das observações recai nos processos de coesão e coerência. Mas o que é coesão? Como observá-la? Que faz o aluno quando o professor escreve que seu texto não tem coesão ou lhe falta coerência? Certamente, não se trata de trocar uma palavra, acrescentar ou mudar um conectivo, nem de melhorar o parágrafo ou adequar os tempos verbais e as concordâncias verbo-nominais. Lendo o livro, ficará claro do que se trata, efetivamente. Esta clareza é dada também por outra característica singular da autora: a farta exemplificação com trechos da literatura, do jornalismo e de obras científicas. Em suma, aqui o leitor encontra uma introdução à produção textual escrita em linguagem acessível. Segundo as próprias palavras da autora, ela pretende trazer algumas noções básicas, acerca da propriedade textual da coesão e de sua relação com a coerência, com o objetivo de se compreender mais ainda essas noções e, assim desenvolver nossa competência para falar, ouvir, ler e escrever textos, com mais relevância, consistência e adequação. Parece pouco, mas é muito, e talvez seja quase tudo o de que necessitamos para tratar questão tão difícil e ao mesmo tempo tão decisiva. [...] Neste livro você vai aprender como organizar o aspecto linguístico em consonância com este algo mais. E o mais importante: você não precisa ser um técnico em linguística para entender do que se trata e começar a agir na sua produção textual com maior segurança. Aproveite!"

domingo, 13 de março de 2016

Lições para uma vida boa e o culto e certos valores

     A palavra lição, aproximadamente, quer significar: aula; tema de aula; tarefa escolar; ensino de uma matéria durante determinado espaço de tempo; exemplo dado por uma pessoa a outra ou obtido por experiência própria; punição; ensinamento; combate à mediocridade, à superficialidade, ao rasteiro, ao vulgar; advertência severa e ponderada; exaltação das mais elevadas faculdades do homem; a exaltação da inteligência, da força de vontade e do sentimento, dentre outros. Assim é que depois de anos estudando história, filosofia e psicologia, com essa plataforma, Hal Urban compreendeu que a felicidade, o sucesso e a realização humana podem ser reduzidos a alguns princípios que qualquer pessoa pode colocar em prática na própria vida. Professor premiado, que durante 35 anos se dedicou a ensinar jovens e adultos, ele relacionou 20 lições (As Grandes Lições da Vida, Rio de Janeiro, Sextante, 2004), que considera essenciais para estabelecer boas relações com as pessoas, definir objetivos de vida e adotar os hábitos necessários para alcançá-los, saber apreciar as próprias qualidades e se empenhar para realizar todo o potencial. Sem propor fórmulas mágicas, ele trata de valores comprovados. Diz ele: "Fui professor durante 35 anos e adorava cada minuto do meu trabalho. Vivia no melhor dos mundos - ensinava a adolescentes em turmas do segundo grau, a adultos numa universidade administrada por jesuítas e dava palestras em escolas primárias para crianças das séries intermediárias. Descobri há muito tempo que, independentemente da idade, as pessoas mostram-se ansiosas por aprender quando isso significa compreender a vida mais profundamente e vivê-la de um modo mais pleno. As cartas e e-mails que recebo de crianças, adolescentes e adultos confirma este fato. Santo Inácio de Loyola, um dos maiores educadores do mundo, disse certa vez que só aprendemos quando estamos prontos para isso. Ao longo de toda a minha vida, nunca presenciei uma época como a de hoje, na qual tantas pessoas estão não apenas abertas à aprendizagem, como também dispostas a reexaminar seus valores e prioridades. Depois de passar por um período de progressos sem precedentes nos campos econômico e tecnológico, nosso mundo enfrenta uma turbulência. O fenômeno ponto-com das empresas da Internet sofreu uma implosão; a Bolsa de Valores e a economia estão em queda livre; os acontecimentos de 11 de setembro de 2001 não apenas nos angustiaram como fizeram com que nos déssemos conta de nossa fragilidade, e os escândalos recentes envolvendo grandes corporações também nos deixaram chocados e consternados. Na condição de alguém que estudou e ensinou história durante muitos anos, sei que tempos difíceis acabam por estimular o que há de melhor em nós. Quando as pessoas começam a se perguntar o que é realmente importante, geralmente chegam às respostas certas. Fico contente e honrado com o fato de o meu livro estar colaborando com este processo. As escolas - do primário até a faculdade - têm a difícil tarefa de promover o conhecimento e desenvolver habilidades. Mas falta algo no currículo. Não ensinam aos estudantes coisas sobre a vida em si, sobre como ela funciona e o que é essencial. E nunca foi tão necessário ensinar isso. Precisamos de outro lugar além da proverbial "dura escola da vida" para adquirir as ferramentas com as quais podemos ser bem-sucedidos. Precisamos de ajuda para desenvolvermos as atitudes e os meios necessários para estabelecer relações satisfatórias, para definir e alcançar metas pessoais e para saber apreciar nosso próprio valor. Como educador, senti por muitos anos essa necessidade. [...] Então escrevi este livro para preencher essa lacuna, para nos ajudar e a nossos filhos a entender o que é importante, o que significa ter um bom caráter e o que significa ter sucesso na vida. Há alguns anos, ao participar de uma conferência, ouvi um psicólogo dizer que, quando uma pessoa chega à idade de 18 anos, ela já foi oprimida mais de cem mil vezes. Não sei como ele chegou a essa cifra, mas não me surpreendeu. Essa é a verdade: nós nos deixamos mesmos abater e oprimir demais. Este processo de abatimento e opressão começa numa idade ainda tenra, tem sua origem numa variedade enorme de fontes e continua pela vida adulta afora. Como se não bastasse isso, o noticiário da mídia nos diz o que há de errado com o mundo e com seus habitantes. Esta carga de mensagens negativas também tem seu preço. Quanto maior for a frequência com ouvimos algo, maior será a probabilidade de acreditarmos no que nos é transmitido. Meu objetivo não é examinar por que isso acontece, mas simplesmente mostrar que esta é uma das verdades lamentáveis a respeito da vida. Escrevi este livro porque acredito que precisamos de ajuda para focarmos nossa atenção no outro lado da humanidade. Acredito que a esmagadora maioria das pessoas no mundo é obediente às leis, dedicada e responsável. Mas não atrai nenhuma publicidade por ser assim. Ser bom não dá notícia. Também acredito que a maioria das pessoas se subestima. Temos boas qualidades que ignoramos, temos recursos interiores que ainda não descobrimos e temos oportunidades com as quais nem sonhamos. Espero que este livro traga à tona algumas coisas positivas num mundo que parece apegar-se aos elementos negativos. Encontrar o lado bom da vida pode ser um dos nossos maiores prazeres. Mais ou menos um ano antes de eu escrever o primeiro rascunho deste livro, dei uma palestra chamada "O verdadeiro significado do sucesso" para um grupo de estudantes universitários. Comecei chamando atenção para algumas das mensagens com que somos constantemente bombardeados. Queria que eles soubessem que minha mensagem iria justamente no sentido contrário. Comecei então dizendo o que eu não tinha: eu não tinha "segredos" nem "fantásticas novas técnicas" de como atingir o sucesso, nenhuma "fórmula mágica" para a felicidade perfeita, nenhum método "rápido e fácil" para tornar-se rico e poderoso, nenhum método "raro" para obter tudo o que se quer. Em vez disso, falei naquele dia sobre alguns valores eternos como respeito, bondade, honestidade, apreço, desejo, trabalho duro, compromisso e a capacidade de ser uma boa pessoa. Coloquei minha ênfase no fato de que não existem nenhum atalho, nenhum caminho fácil e nenhum novo método para atingir o verdadeiro sucesso. É algo qua ainda precisamos fazer por merecer. Fiquei ao mesmo tempo surpreso e contente ao ver quantos estudantes vieram me procurar depois da palestra. Um deles falou: "Sabe, você na verdade não disse nada que eu não tivesse ouvido antes, mas juntou as coisas de um modo que elas passaram a fazer sentido. Você realmente lançou uma nova luz sobre algumas velhas verdades". Então, um professor mais maduro que estava por perto disse: "Obrigado. Todos nós precisamos de que nos lembrem o que é realmente importante." Ali estavam um jovem que acabara de entrar na faculdade e um homem mais velho aproximando-se do fim da sua carreira me dizendo a mesma coisa. Puxa, como adorei aqueles dois! Eles me ajudaram a decidir que eu tinha de escrever o livro.". Nesse livro, o Professor relaciona e explica aquilo que denominou de princípios: 20. São eles: "1. Sucesso é mais do que ganhar dinheiro; 2. A vida é dura... e nem sempre justa; 3. A vida também inclui diversão... e é incrivelmente divertida; 4. Vivemos por opção, não por acaso; 5. Atitude é uma escolha - a mais importante que você fará na vida; 6. Os hábitos são a chave para todo sucesso; 7. Expressar gratidão é um hábito - o melhor que você pode ter; 8. Boas pessoas constroem suas vidas com base no respeito; 9. Honestidade ainda é a melhor política; 10. Palavras amáveis não custam nada, mas obtêm muito; 11. A verdadeira motivação vem de dentro; 12. Metas são sonhos com prazos determinados; 13. Nada substitui o trabalho duro; 14. Você tem de abrir mão de alguma coisa para conseguir o que quer; 15. Pessoas bem-sucedidas não encontram tempo - elas fazem o tempo; 16. Só você pode aumentar sua auto-estima; 17. O corpo precisa de alimento e exercício - a mente e o espírito também; 18. Tudo bem se você falhou - já aconteceu com todo mundo; 19. A vida é mais simples quando sabemos o que é essencial; 20. O essencial número 1 é ser uma boa pessoa.". Com essas indicações fica fácil perceber que o culto a certo valores é a chave para o êxito. O culto aqui doutrinado visa, realmente, à grandeza como valor moral, intelectual e cultural, para o aperfeiçoamento da personalidade. O que se deseja é colher no exemplo o estímulo para crescer, e nas lições a luz para bem orientar a nossa vida, que, para ser digna de ser vivida, deve ser cheia de sentido e significação. Mostram-nos a história e as biografias que há diversos meios para chegar à grandeza. Uns a alcançam pela ideia, outros pela ação; alguns pelo sofrimento e outros pela vontade. O caminho da grandeza é o caminho áspero do esforço e do trabalho, e só é realmente grande quem beneficia a humanidade por pensamentos, atos, obras e realizações. O culto a certos valores, como os descritos, é o caminho da perfeição sempre almejada pelas almas sedentas de verdade, beleza, bondade e justiça.

domingo, 6 de março de 2016

Os Analectos: um roteiro seguro para uma vida boa.

     1º) "No princípio //Não havia existência ou inexistência// O mundo era energia não revelada...// ELE vivia, sem viver, por SEU próprio poder// E nada mais havia...//" (Hino da Criação, do Rig Veda.); 2º) "O que for a profundeza do teu ser, assim será teu desejo. O que for o teu desejo, assim será tua vontade. O que for tua vontade, assim serão teus atos. O que forem teus atos, assim será teu destino." (Brihadaranyaka Upanishad IV, 4.5).
     Os analectos são uma compilação de ensinamentos de Confúcio (551-479 a.C) realizada pelos seus discípulos após a morte do mestre e de uma influência incomensurável no oriente, principalmente na China. Mais do que uma filosofia, trata-se de de uma 'visão de vida': o ponto central da obra de Confúcio, o homem moralmente ideal e como atingir tal excelência moral, é algo a ser construído aos poucos e a todo momento, nas pequenas ações diárias. Se a meta de Confúcio era a excelência moral e de caráter, ao alcance de todos os homens, os meios para se chegar a ela eram o cultivo da benevolência, sabedoria e coragem. De tão rico e sutil, o pensamento de Confúcio dificilmente pode ser parafraseado ou resumido. Assim, por tratar de questões como respeito aos mais velhos, os deveres de cada um e a necessidade de uma pessoa buscar coerência entre o que diz e o que faz, Os analectos tornam-se um contraponto essencial no mundo de hoje, de decadência de valores morais.
     Os analectos/Confúcio; tradução do inglês de Caroline Chang; tradução do chinês, introdução e notas, [glossário de nomes e apêndices sobre a vida de Confúcio e de seus discípulos] de D.C.Lau; Porto Alegre, RS:L&PM, 2007): "Para ter responsabilidade moral, ele acreditava, um homem deve pensar por si próprio. Essa crença fez com que Confúcio desse tanta importância ao pensamento quanto ao aprendizado. [...]". Na introdução escrita por D.C. Lau, colhe-se alguns fragmentos: "[Filósofos interessados no campo da moral geralmente podem ser divididos em dois tipos: aqueles que se interessam pela essência moral e aqueles que se interessam pelos atos morais. [...] Obrigações políticas têm sua raiz nas obrigações familiares. [...] Benevolência (jen) é a qualidade mais importante que um homem pode ter. [...] Um homem (jen) sem consistência não dará nem um xamã nem um médico. [...] A capacidade de tomar o que está ao alcance da mão como parâmetro pode ser considerado o método de benevolência. [...] Um homem sábio nunca fica indeciso no seu julgamento sobre o certo e o errado. [...] Outro atributo do homem sábio é que ele conhece os homens. [...] Merece ser um professor o homem que descobre o novo ao refrescar na sua mente aquilo que ele já conhece. [...] Um homem deve ser respeitável nas suas relações com os outros porque desse modo ele pode evitar insultos e humilhações. [...] Retidão é basicamente uma característica de atos, e sua aplicação a pessoas é derivativa. Um homem é correto apenas na medida em que faz o que é certo. A retidão dos atos depende da sua conveniência moral nas das circunstâncias e tem pouco a ver com a disposição ou a intenção da pessoa que age. É aqui que a distinção entre agente-ético e ação-ética se torna relevante. [...] O governo pela virtude pode ser comparado à estrela Polar, que comanda a homenagem da multidão de estrelas sem sair do lugar.[...] Aqueles que nascem com conhecimento são os mais elevados. [...] O estudo, (...) é um árduo processo que nunca termina.[...] Finalmente, Confúcio disse que se ele elogiava alguém, podia-se ter certeza de que esse alguém havia sido testado. [...] Eis aqui um homem que, de fato, apreciava as alegrias da vida." (D.C.L). Um livro para ser estudado muitas vezes. Um livro obrigatório para quem perdeu O Profeta de Kahlil Gibran. Aqui está um roteiro seguro para quem quer construir um futuro melhor. Somos todos viajantes de uma jornada cósmica - poeira de estrelas, girando e dançando nos torvelinhos e redemoinhos do infinito. A Vida é eterna. Embora suas expressões são efêmeras, momentâneas, transitórias. Gautama Buda, fundador do budismo, disse certa vez: "Nossa existência é transitórias como as nuvens do outono. Observar o nascimento e a morte do ser é como olhar os movimentos da dança. Um vida é como o brilho de um relâmpago no céu, Levada pela torrente montanha abaixo.". Paramos um instante para encontrar o outro, para nos conhecermos, para amar e compartilhar. É um momento precioso, embora transitório. Um pequeno parênteses na eternidade. Se partilharmos carinho, sinceridade, amor, criamos abundância e alegria para todos. Esse momento de amor é valioso.