domingo, 25 de dezembro de 2016

A Religião e o autoconhecimento


     1º) "Em épocas difíceis, a religião é sempre o último refúgio do povo. Regra geral, todos se lembram de Deus quando os últimos recursos já foram tentados e falharam." (Ivo Storniolo);
     2º) "Deus é uma esfera infinita cujo centro está em toda parte e cujo limite não está em lugar nenhum." (Hermes Trismegisto);
     3º) "O que for a profundeza do teu ser, assim será teu desejo. O que for o teu desejo, assim será tua vontade. O que for a tua vontade, assim serão os teus atos. O que forem teus atos, assim será teu destino." (Brihadaranyaka Upanishad IV, 4.5);
     4º) "Um fluxo suave em vez de velocidade." (Kazuaki Tanahshi);
     5º) "Se [um pensamento] me vem três vezes à cabeça, eu faço o que ele quer. As intuições são insistentes e persistentes. Se a questão for importante, você não a esquecerá. Ela continuará a voltar. Ela o importunará. (...) Muitos de meus alunos são corretores da bolsa. Em seu ramo de negócios eles têm que agir rápido. Mas mesmo sob intensa pressão, eles conseguem usar a Lei de Três. Em poucos momentos, eles podem deixar uma ideia ir embora, e esperar. Se ela voltar imediatamente, eles a aprenderam a sentir a diferença entre uma reação de pânico e uma intuição. Suas Intuições geralmente acontecem logo antes de uma mudança no mercado. O pânico normalmente ocorre depois que a mudança já aconteceu." (Nancy Rosanoff).
     De todo o relacionado acima, é possível fazer algumas derivações, dentre elas uma. Que o conhecimento interior (autoconhecimento) geralmente desabrocha com o tempo e sutilmente influencia nosso caminho. E para que isso ocorra é útil que se exercite a lei da gratidão e do silêncio. Nós só nos tornamos criativos no silêncio. O tumulto é contrário a isso tudo. Da mesma forma, é útil, também, o exercício de cultivar uma imaginação positiva, que capacite a obter na vida aqueles triunfos de ordem espiritual e material que antes lhes pareciam impossíveis de alcançar. E com isso ser (não é ter é ser) a própria fé de que o universo trabalho em nosso favor.
         

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

A CALMA, O SILÊNCIO E A VERDADE




1   “Calma! É aos poucos que a vida vai dando certo.” (Revista Circuito);
     “[...] Seja o vosso falar: Sim, sim; Não, não [...]” (Mateus 5:33-37);
      “Apesar de todas as falsidades, fadigas e desencantos, o mundo ainda é bonito.” (Desiderata).
     “Se você está no ponto de estourar mentalmente, silencie alguns instantes para pensar. Se o motivo é moléstia no próprio corpo, a intranquilidade traz o pior. Se a razão é enfermidade em pessoa querida, o seu desajuste é fator agravante. Se você sofreu prejuízos materiais, a reclamação é bomba atrasada, lançando caso novo. Se perdeu alguma afeição, a queixa tornará você uma pessoa menos simpática, junto de outros amigos. Se deixou alguma oportunidade valiosa para trás, a inquietação é desperdício de tempo. Se contrariedades aparecem, o ato de esbravejar afastará de você o concurso espontâneo. Se você praticou um erro, o desespero é porta aberta a faltas maiores. Se você não atingiu o que desejava, a impaciência fará mais larga a distância entre você e o objetivo a alcançar. Seja qual for a dificuldade, conserve a calma, trabalhando, porque em todo o problema, a serenidade é o teto da alma, pedindo o serviço por solução.” (Sheik Omar).
Um possível resumo disso tudo está em nada do que foi construído entre os seres o foi sem intranquilidade, com barulho e falsidade. A falsidade é mãe da esperteza. Ambas são armadilhas terríveis. O esperto supõe, equivocamente, que os demais nada percebem. Ele subestima a capacidade espiritual dos demais e daí vive na falsidade imaginando estar se dando bem. Ele não medita sobre quem é, quem é o outro e como vê o outro. Daí o autoconhecimento e heteroconhecimento estão ausentes. O que lhe faz viver na ilusão. E vivendo na ilusão, nada do que planeja poderá atingir meta alguma, simplesmente porque vive na ilusão. Tudo que é grandioso é silencioso também. Sol não faz barulho; já um grilo faz barulho ensurdecedor. Por fim, por viver na ilusão, não medida também sobre as advertências de Santo Agostinho que teria dito que quando a vontade fica acima da razão, produz-se o mal e quando a vontade se submete à razão produz-se o bem. De todo o dito, importante ser prudente e fazer de tudo para ser feliz. Considerando que a felicidade é algo interno.

domingo, 4 de dezembro de 2016

O Ser mais excelente


     João Amós Coménio (1592-1670) escrevera um "tratado da arte universal de ensinar tudo a todos", ou seja, "Didáctica Magna", ao qual designou de a arte de ensinar. Também dirigiu um veemente apelo à paz e à tolerância, garantidas por meio de instituições internacionais, pelo qual é justamente considerado precursor do atual movimento ecumênico, da Sociedade das Nações, da ONU, da UNESCO e do Bureau International d'Education. Efetivamente, preconizara uma reforma universal da sociedade humana através dos seguintes meios: I - unificação do saber e sua propagação, graças a um sistema escolar aperfeiçoado, sob a direção de uma academia internacional; 2 - coordenação política, sob a direção de instituições internacionais tendentes a assegurar a manutenção da paz; 3 - reconciliação das Igrejas, sob a égide de um cristianismo tolerante. Dedicou uma página (O homem é a mais alta, a mais absoluta e a mais excelente das criaturas), onde narrara: "1. Quando Pítaco pronunciou o seu "conhece-te a ti mesmo", os sábios acolheram esta máxima com tão grandes aplausos que, para a recomendarem ao povo, afirmaram que ela viera do céu, e tiveram o cuidado de a fazer inscrever, em letras de ouro, no templo de Apolo, em Delfos, onde o povo afluía em grande número. Este foi um ato de sabedoria e de piedade; aquela foi, de fato, uma ficção, mas absolutamente conforme à verdade, como para nós é evidente mais que para eles. 2 - Efetivamente, a voz que, vindo do céu, ressoa nas Sagradas Escrituras, que outra coisa quer dizer senão: "ó homem, que tu me conheças, que eu te conheças?". Eu, fonte de eternidade, de sabedoria e de beatitude; tu, criatura, imagem e delícia minha. 3 - Com efeito, destinei-te a compartilhar comigo da eternidade; para uso, preparei o céu, a terra e tudo o que neles está contido; só em ti juntei, ao mesmo tempo, todas as prerrogativas, das quais as outras criaturas apenas têm uma: o ser, a vida, os sentidos e a razão. Fiz-te soberano das obras das minhas mãos, e coloquei tudo a teus pés, as ovelhas, os bois e os outros animais da terra, as aves do céu e os peixes do mar, e desta maneira coroei-te de gloria e de honra. A ti, finalmente, para que nada te faltasse, dei-me eu próprio, mediante a união hipostática, ligando para sempre a minha natureza com a tua, sorte que não coube a nenhuma das outras criaturas visíveis e invisíveis. Com efeito, qual das outras criaturas, no céu ou na terra, se pode gloriar de que Deus se revelasse na sua própria carne e apresentado pelos anjos?, ou seja, não apenas para que vejam e se admirem a ver quem desejavam ver, mas ainda para que adorem a Deus que se revelou de carne, ou seja, Filho de Deus e do homem. Deves, portanto, compreender que és o protótipo, o admirável compêndio das minhas obras, o representante de Deus no meio delas, a coroa da minha glória. 4 - Oxalá todas estas verdades sejam esculpidas, não nas portas dos templos, não nos frontispícios dos livros, não enfim, nas línguas, nos ouvidos e nos olhos de todos os homens, mas nos seus corações. Deve procurar-se, na verdade, que todos aqueles a quem cabe a missão de formar homens façam com que todos vivam conscientes desta dignidade e excelência, e empreguem todos os meios para atingir o objetivo desta sublimidade.".
     Algum tempo depois, Charles Spencer Chaplin (1889-1977), mais conhecido como Charlie Chaplin, retomara o tema em "O Último Discurso, de O Grande Ditador", em que escrevera:
"Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar - se possível - judeus, o gentio ... negros ... brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo - não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar ou desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma do homem ... levantou no mundo as muralhas do ódio ... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas duas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-se muito mais. A próxima natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem ... um apelo à fraternidade universal ... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhões de pessoas pelo mundo afora ... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas ... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: "Não desespereis!" A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia ... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem os homens, a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais ... que vos desprezam ... que vos escravizam ... que arregimentam as vossas vidas ... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como um gado humano e que vos utilizam como carne para canhão! Não sois máquina!
Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar ... os que não se fazem amar e os inumanos.
Soldados! Não batalheis pela escravidão! lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas é escrito que o Reino de Deus está dentro do homem - não de um só homem ou um grupo de homens, mas dos homens todos! Estás em vós! Vós, o povo, tendes o poder - o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela ... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto - em nome da democracia - usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo ... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos.
Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontres, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo - um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergues os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos."
     A dignidade do homem, na visão desses dois grandes, tinha por finalidade primária valorizar o ser humano. Daí decorre uma pergunta: é oportuno, hoje, dissertar acerca da nobreza ímpar do homem? Creio que o leitor já entendeu a mensagem. Ainda é, de todo conveniente, insistir no apreço at tema sobre a dignidade do ser humano, sobre aquilo sobre o qual é dissertado nas Faculdades de Direito. Então, chegou a hora de retomar, proclamar, alto e bom som, ainda que correndo o risco de reproduzir pregação no deserto, que o homem é dotado de valor inestimável. Ele não pode ser retratado em símbolo de ninharia material. Não ouro nem prata suficientes para expressar o valor do homem, nas palavras de Luiz Feracine.