domingo, 21 de agosto de 2016

A Arte da Vida

     "O vento nunca é favorável a quem não tenha um porto de chegada previsto" (Sêneca), ao mesmo tempo, "ninguém determina do princípio ao fim o caminho que pretende seguir na vida; só nos decidimos por trechos, na medida em que vamos avançando" (Montaigne).
     Nessa linha de pensamento, depois que se descobre o que é poder de verdade a vida ganha em qualidade. Assim vamos trabalhar dois livros: um de Zugmunt Bauman (A Arte da Vida, edição 2009); outro, de Erich Fromm (Psicanálise da Sociedade Contemporânea, edição 1959). Indagações evidenciadas no livro de Bauman estão assim: "O que é felicidade? É possível alcançá-la definitivamente? Como? O que há de errado com a felicidade? A pergunta pode desconcertar - e é essa a intenção de Zygmunt Bauman. Um dos mais originais e influentes pensadores em atividade, Bauman reflete, neste novo livro, sobre os parâmetros que norteiam nossa busca pela felicidade - busca que, muitos concordarão, preenche a maior parte de nossas vidas. Na sociedade atual, somos levados a acreditar que o propósito da arte da vida pode e deve ser a felicidade, embora não seja claro o que ela é. A imagem de um estado de felicidade muda constantemente e permanece como algo ainda a ser atingido. Espera-se, acertadamente ou não, que todos nós daremos sentido e forma às nossas vidas usando nossos próprios recursos, mesmo se não tivermos as ferramentas mais adequadas. E somos elogiados ou censurados pelos resultados, o que alcançamos pelos resultados, o que alcançamos ou deixamos de alcançar. A arte da vida não é um catálogo de opções de vida nem um guia prático. O que se espera para a vida e como alcançá-lo são, necessariamente, uma responsabilidade individual. Este livro é antes uma exposição brilhante das condições sob as quais escolhemos nossos projetos de vida, das limitações que podem ser impostas a essas escolhas e do entrelaçamento de planejamento, causalidade e caráter que molda sua implementação. Não menos importante, este é também um estudo de como nossa sociedade - a sociedade moderna de consumidores, líquida e individualizada - influencia a forma como construímos e narramos nossas trajetórias. [...] O argumento [de Bauman] abrange, com humana ironia, de Fukuyama e teorias de negócios a Sêneca e a invenção do MaySpace, de Sarkozy e Amós Oz à teoria do caos, de Nietzsche a Levinas.". Fromm, por sua vez, quando trata da saúde mental e sociedade, sustenta: "apenas na medida em que o homem capta a realidade pode ele tornar este mundo seu; se vive de ilusões, não modifica nunca as condições que necessitam dessas ilusões. [...] o desenvolvimento da cultura é uma condição necessária ao desenvolvimento humano. [...] Uma sociedade sadia desenvolve a capacidade do homem para amar o próximo, para trabalhar criadoramente, para desenvolver sua razão e sua objetividade, para ter um sentimento de si mesmo baseado em suas próprias capacidades produtivas. Uma sociedade insana é aquela que cria hostilidade mútua e desconfiança, que transforma o homem em instrumento de uso e exploração para outros, que o priva do sentimento de si mesmo, salvo na medida em que se submete a outros ou se converte em um autômato. A sociedade pode desempenhar ambas essas funções; pode impulsionar o desenvolvimento salutar do homem, e pode impedi-lo. Na realidade, a maioria das sociedades fazem essas duas coisas, e o problema está somente no grau e na direção em que exercem sua influência positiva e sua influência negativa.".
     Disso tudo é lícito sugerir a leitura de ambos, bem como inferir das ideias apresentadas, que o leitor ao aprofundar a reflexão sobre si mesmo e sobre o mundo que o cerca, poderá livrar-se das nocivas ilusões, planejar no presente o próprio futuro, com o objetivo de permitir-se também o exercício de pensar sobre questões ainda tão relevantes para a contemporaneidade. Ao estudante de Direito, em especial, é fundamental essa compreensão porque é ele o guia que a sociedade espera.

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