O MEDO À LIBERDADE (Erich Fromm - Escrito em 1941 – 2ª
Guerra).
0l. “A maneira de ajudar os
outros é provar-lhes que eles são capazes de pensar.” (Dom Hélder Câmara); 02. “Se
eu não for por mim mesmo, quem será por mim? Se eu for apenas por mim, que
serei eu? Se não agora – quando?” (Ditado Talmúdico – Mishnah, Abot); 03. “Não
te criamos celestial nem terrestre, nem mortal nem imortal, mas de modo que
pudesses ser livre de acordo com tua própria vontade e para tua própria honra,
para seres teu próprio criador e construtor. A ti, somente, demos crescimento e
desenvolvimento, dependentes de tua própria livre vontade. Trazes em ti os
germes de uma universal.” 03. “Nada é, pois, imutável, a não ser os direitos
inerentes e inalienáveis do homem.” (Thomas Jafferson).
Nesse livro, fixa o autor: “A História moderna da Europa e da América
gira em torno do esforço para livrar o homem das peias políticas, econômicas e
espirituais que o têm mantido acorrentado. As batalhas pela liberdade foram
sustentadas pelos oprimidos, pelos que queriam novas liberdades, contra os que
tinham privilégios a defender. Enquanto uma classe lutava por se libertar da
dominação, ela própria acreditava estar lutando pela liberdade humana e, assim
era capaz de apelar para um ideal – o anseio de liberdade que existe arraigado
em todos os oprimidos. Na longa e praticamente contínua batalha pela liberdade,
contudo, as classes que lutavam contra a opressão em determinada fase, uma vez
obtida a vitória, enfileiravam-se ao lado dos inimigos da liberdade para
defender novos privilégios. [...]].
Desde os tempos de estudante das
Universidades de Heidelberg e Munique, Erich
Fromm mantém-se fiel à grande tradição humanística da filosofia clássica
alemã, a cujo patrimônio acrescentou a dimensão psicanalítica. As preocupações
kantianas sobre a melhor forma de convivência social – do KANT que dizia que
nada há de mais belo além do céu estrelado sobre nós e a lei moral dentre de
nós – são as preocupações de FROMM, em cuja obra o traço ético é relevante –
tão relevante que sendo obra de um psicanalista, ela é, simultaneamente, obra
de um crítico social e de um expoente da antropologia filosófica.
Testemunho do caos social e do
totalitarismo, ERICH FROMM orientou as suas atividades científicas para o
estudo dos fatores que promovem o aviltamento da condição humana: o
levantamento das causas psicológicas que permitem o advento de sociedades
adversas ao Homem. Mas não procede, nessa análise – e este é um dos seus
grandes méritos – à supervalorização dos dados psicológicos. Mostra que, se os
processos mentais realizam-se no indivíduo não serão, porém, compreendidos
senão a partir da investigação da cultura – da realidade social que os
deflagra. Com admirável clareza, ERICH FROMM promove a dissecação de todas as
forças sociais e psicossociais que permitem a eclosão do totalitarismo. Procede
ao mesmo tempo à análise das estruturas psicológicas do autoritarismo, cujo
pressuposto é o de que o homem, não sendo intrinsecamente bom, precisa de quem o tutele: de um Führer. Sob essa tutela, o indivíduo
passa a sentir-se livre em sentido negativo. A liberdade adquire, então, o
significado de destruição da personalidade. É a esse complexo de sentimentos e
atitutes que FROMM designa como O Medo à
Liberdade – a mais grave das enfermidades de que padece o mundo
contemporâneo.
Na sua radiografia de uma situação que é
de conforto entre o que o homem pode ser, segundo a visão humanística, e as forças
que o induzem ao cultivo dos instintos masoquistas, ERICH FROMM não se
restringe ao diagnóstico do nosso tempo. Mostra como na reconquista do sentido
humanístico da vida está o caminho que nos afasta do medo à liberdade. Este livro é um ato de fé na grandeza inata do
homem.
(Aula de Ética – Faculdade Estácio
de Curitiba – 06/11/2015 – Professor Rubens de Almeida – publicada em
www.comoaprenderodireito.blogspot.com.br).
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