quarta-feira, 9 de julho de 2014

O Cometa

     "O que aconteceu à noite foi maravilhoso, o Cometa de Halley apareceu com nitidez, mais denso de luz, e com graça deslizou sobre nossas cabeças sem dar confiança de exterminar-nos. No ar frio, o véu de ouro, baixou o vale, tornando irreal o contorno dos sobrados, da igreja, das montanhas. Saímos para a rua banhados de ouro, magníficos e esquecidos do espectro da morte. Nunca houve mais cometa igual, assim terrível, desdenhoso e belo. O rabo dele media... Como posso referir em escala métrica as proporções de uma escultura de luz, esguia e estelar, que fosforeja sobre a infância inteira? No dia seguinte, todos se cumprimentavam satisfeitos: a passagem do cometa fizera a vida mais bonita. Armazenávamos carinhosamente uma lembrança para gerações vindouras que não teriam a felicidade de conhecer o Halley, pois ele se dá ao luxo de aparecer uma vez cada 76 anos." (Carlos Drumond de Andrade). A aparição de cometa sempre trouxe ao homem um certo medo primitivo, instintivo. O conhecimento dos cometas e suas origens foram cercados, durante milênios, das mais diversas superstições. Os romanos acreditaram, seriamente, que o grande cometa aparecido durante os funerais de Júlio César, em 44 A.C., era a alma do ditador, destacada de seu corpo por Vênus e lavada para a região dos astros. Os cometas foram considerados, por muito tempo, como arautos da morte de nobres e outras desgraças. Um dos aparecimentos do cometa Halley, em 1456, três anos após a conquista de Constantinopla pelos turcos, foi interpretado pelos europeus como manifestação da cólera divina, daí resultando a saudação angélica diariamente, ao soar do meio-dia, costume que se estende aos nossos tempos. Os cometas se distinguem dos demais corpos do sistema solar por seu aspecto nebuloso, pela presença de cauda e também porque se movem em órbitas quase sempre bastante alongadas e muito inclinadas em relação às dos planetas. Os cometas apresentam-se geralmente como um ponto brilhante, o núcleo, cercado de uma nebulosidade também brilhante, a cabeleira ou coma, que se estende sob a forma de um traço luminoso, a cauda. O mais famoso deles é o de Halley, cujas pesquisas apontam ser este o cometa observado no ano de 467 A.C.

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