sexta-feira, 11 de julho de 2014

Conhecimento e Limites da Razão

     O Conhecimento para: Salomão (Nada há de novo sob o sol); Parmêmides (Nada muda); Heráclito (Tudo muda); Kant (Quais as condições de possibilidade); Freud (Acrescenta o prazer e as fantasias). Pois bem: Emília Steuerman em (Os Limites da Razão, Rio de Janeiro, Imago Editora, 2003), abre seu texto com: "A ilusão transcendental, por outro lado, não cessa mesmo quando já a descobrimos e, pela crítica transcendental, percebemos claramente sua nulidade. (Um exemplo é a ilusão na proposição de que o mundo tem de ter um começo em termos de tempo.) A causa disso é que nossa razão (encarada subjetivamente como uma capacidade cognitiva humana) possui regras básicas e máximas de seu uso que têm inteiramente a aparência de princípios objetivos; e assim ocorre que a necessidade subjetiva de certa conexão de nossos conceitos em benefício da compreensão é encarada como uma necessidade objetiva da determinação das coisas em si. Esta é uma ilusão que não podemos de modo algum evitar assim como não podemos evitar a ilusão de que o mar nos parece mais elevado no centro do que na margem, porque vemos o centro através de raios luminosos mais elevados do que a margem; ou - melhor ainda - assim como mesmo o astrônomo não pode impedir que a lua lhe pareça maior quando se ergue, embora ele não seja enganado por essa ilusão." (Kant, Crítica da Razão Pura). Daí, em diante, ela explora os limites e o significado da racionalidade como instrumento para a compreensão da verdade, da justiça e da liberdade. Ela apresenta a atual controvérsia entre modernismo e pós-modernismo numa análise rigorosa, embora acessível, do debate entre Jurgen Habermas e Jean-Françoais Lyotard. Com efeito, ressalta, com clareza, os problemas com que se defrontam tanto uma defesa da razão quanto a falta de significado que persegue um mundo sem razão, cujo objetivo é determinar se a razão pode ser usada como uma arma de dominação ou como um meio de emancipação. Ela, ainda, investiga os limites dos projetos racionalista e irracionalista, apresentando a obra da psicanalista Melanie Klein, cuja teoria das relações de objeto dessa autora e prepara o caminho para uma compreensão dos limites éticos e emocionais que mantêm os indivíduos em contato com o mundo externo e assegura nossa compreensão de pensamento racional. Ela demonstra, também, como a teoria de Melaine Klein lança nova luz sobre os conceitos habermasianos de intersubjetividade e de comunidades de usuários de linguagem compartilhada, enquanto leva em conta também os mundos irracionais e primitivos do amor e do ódio que marcam nossas percepções de nós mesmos e dos outros. Demontra, também, em termos habermasianos, que Freud estava buscando restaurar, por meio da interação comunicativa, um significado que fora perdido (recordação, repetição e elaboração). Enfim, Freud, com a inclusão do prazer e das fantasias, na domínio do conhecimento, promoveu uma revolução, metaforicamente, ao modo de Galileu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário