sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Cartas a um Jovem Poeta

     No transcorrer da exibição do filme 2011: "WE - O Romance do Século" (Anos 30. O Duque de Windsor, Eduardo VIII (James d'Arcy), é o primeiro na lista de sucessão da coroa britânica. Ele conhece e se apaixona por Wallis Simpson (Andrea Riseborough), uma americana casada. Quando Eduardo assume o trono passa a sofrer pressão para que não se case com Wallis, devido ao fato de ela não ser inglesa e ter dois divórcios no currículo. Para ficar com seu grande amor, ele renuncia ao trono, que passa a ser ocupado por seu irmão Bertie (Laurence Fox). Em 1998, Wally Winthrop (Abbie Cornish) é obcecada pela história de amor entre Eduardo e Walls. Ela trabalha na representação de um grande leilão de objetos do casal e costuma fantasiar como seria a vida deles. Entretanto, na vida real Wally enfrenta vários problemas no casamento com William (Richard Coyle), há uma cena que aparece a imagem do livro de Rainer Marie Rilke (Cartas a um Jovem Poeta), no qual consta que: "as coisas em geral não são fáceis de apreender e dizer como normalmente nos querem levar a acreditar; a maioria dos acontecimentos é indizível." Esse livro traz questões interessantes as quais visam iluminar os caminhos do interior, lições que orientam a própria existência humana, escolha da profissão; deixa claro que há questões para as quais as respostas são encontradas dentro de cada um e, portanto, não podem ser ditadas por mais ninguém; sugere ao apaixonado pela literatura que entre em contato consigo mesmo e se questione sobre as razões que o levam a criar; diz que é fundamental descobrir se é apenas um impulso momentâneo e superficial, ou se o desejo de escrever está alicerçado em bases mais profundas; que é indispensável que qualquer aspirante, não só ao ofício literário, mas a qualquer outro campo do conhecimento, esteja convicto do quanto é significativo para sua vida percorrer um determinado caminho. Ele propõe uma analogia com a própria respiração, pois como ninguém poder viver sem respirar, da mesma forma, é imprescindível perceber se é possível continuar a viver sem a realização desse anseio. O autor segue adiante e vai mais fundo. Ele deixa claro ao seu correspondente e, por extensão, ao leitor, que ele precisa estar pronto a tocar o fundo do seu ser e indagar se há mesmo uma compulsão que o move e o obriga a compor seus textos e que se sua resposta for realmente afirmativa, sua existência deve realmente ser edificada sobre esta exigência interior. Colhe-se: "Deve ser necessário um poderoso bloqueio mental para chegar alguém ao termo de uma vida mais ou menos longa sem ter aprendido algo de próprio da ciência e da arte de viver, e é de se imaginar quantos grãos se sabedoria da vida hão de se ter perdido, inaproveitáveis para a maioria, aproveitados exclusivamente por algumas criaturas às quais não terá sido dada ocasião em que pudessem fazer do que sabiam um legado útil a seus semelhantes. Quantas vezes nos ocorre, a este ou àquele propósito, uma frase ou atitude que guardamos de um nosso tio ou avô, como sinal de singular sabedoria em certas circunstâncias? - Ora, os filósofos e os poetas (um bom  filósofo não ser também poeta é tão difícil quanto um bom poeta não ser também filósofo) são como que bem avisados tios e avós de todos nós, felizmente dotados de uma sensibilidade e uma inteligência mais apuradas, exercitadas além de tudo.". Com efeito: nada do que já foi construído, ergueu-se sem que alguém tenha sonhado com isso, alguém tenha acreditado que isso fosse possível e que alguém tenha querido que isso acontecesse. Então, é bom que se siga tranquilamente entre a inquietude e a pressa, lembrando-se de que há sempre paz no silêncio e sabendo que o mundo é bonito, sendo prudente e fazendo tudo para ser feliz.

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