sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Uma Árvore de Presente

     Há diferença importante entre a física e a biologia. Enquanto a física trata da matéria inerte, a biologia trabalha com o ente vivo. Assim, limitada pelas exigências morais, a experimentação biológica não conduz, necessariamente, a resultados tão seguros quanto a experimentação nas ciências da matéria inerte e isso porque o ser vivo é um indivíduo e a análise experimental quebra, justamente, sua unidade fundamental. Daí decorre que os físicos e os fisiologistas sustentam, dentre outras, duas idéias importantes. Para os fisiologistas cada parte depende do todo e de todas as outras partes, como justamente escrevera Ganguilhem: "Não é certo que um organismo, após a ablação de um órgão (ovário, estomago, rim), seja o mesmo organismo diminuído de um órgão. Ao contrário, há lugar para crer que a partir desse momento temos, diante de nós, um outro organismo, que dificilmente pode ser superposto, mesmo em parte, ao organismo testemunha.". Para os biologistas, uma árvore até chegar ao ponto de fornecer utilidade plena demanda muito cuidado e investimento. Nesse ponto, ela proporcionada vários benefícios: segurança, sombra, protege da tempestade, regula a temperatura, ajuda na qualidade do ar. Só que a ela também dá algum trabalho. Conta-se que certa feita alguém ganhou de presente uma árvore a qual estava no estágio de plena utilidade. Passado algum tempo, o donatário passou a sentir-se insatisfeito com a árvore porque ela deixava cair algumas folhas e isso seria um defeito incontornável. Daí o donatário passou a ouvir palpiteiros de todos os tipos, chegando a zombar da árvore de várias formas até chegar ao ponto de eliminá-la, simbolicamente. Feito isso, percebeu que já não tinha mais a folhas caídas e também não tinha os demais benefícios que a árvore lhe proporcionara. Em resumo, aquela árvore fora cortada. Não dianta arrependimento. A solução é buscar outra árvore.

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