domingo, 23 de outubro de 2016

Em que consiste uma aula?


     No entendimento de Gilles Deleuze (filósofo francês - 18/01/1925 a 04/11/1995), descrevera uma aula assim: "Para mim, uma aula não tem como objetivo ser entendida totalmente. Uma aula é uma espécie de matéria em movimento. É por isso que é musical. Numa aula, cada grupo ou cada estudante pega o que lhe convém. Uma aula ruim é a que não convém a ninguém. Não podem dizer que tudo convém a todos. As pessoas têm de esperar. Obviamente, tem alguém meio adormecido. Por que ela acorda misteriosamente no momento que lhe diz respeito? Não há uma lei que diz respeito a alguém. O assunto de seu interesse é outra coisa. Uma aula é uma emoção. É tanto emoção quanto inteligência. Sem emoção, não há nada, não há interesse algum. Não é uma questão de entender e ouvir tudo, mas em acordar em tempo de captar o que lhe convém pessoalmente. É por isso que um público variado é muito importante. Sentimos o deslocamento dos centros de interesse, que pulam de um para outro. Isso forma uma espécie de tecido esplêndido, uma espécie de textura.". (Youtube.com/notaterapia, 15 ou 17-10-2016). Conceito de uma plasticidade estonteante, convenhamos! Coisa de gênio. Assim é que Walt Whitman deixou assentado poetizando, que:
"Ao começar meus estudos,
me agradou tanto o passo inicial,
a simples conscientização dos fatos,
as formas, o poder de movimento,
o mais pequeno inseto ou animal,
os sentidos, o dom de ver, o amor
- o passo inicial, torno a dizer,
me assustou tanto,
e me agradou tanto,
que não foi fácil, para mim, passar
e não foi fácil seguir adiante,
pois eu teria querido ficar ali
flanando o tempo todo,
cantando aquilo
em cânticos extasiados.".
     É por essas razões que o aprendizado 'a fim de' passar no vestibular ou concluir o curso - comumente logo esquecido, passados esses períodos - pode e deve ser substituído pelo aprendizado constante em função do prazer e da utilidade. E assim se iniciaria ou deverá iniciar-se o cultivo da ciência: só é bom cientista aquele que pensa como quem brinca. Brincando sem perder a seriedade.

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