domingo, 6 de março de 2016

Os Analectos: um roteiro seguro para uma vida boa.

     1º) "No princípio //Não havia existência ou inexistência// O mundo era energia não revelada...// ELE vivia, sem viver, por SEU próprio poder// E nada mais havia...//" (Hino da Criação, do Rig Veda.); 2º) "O que for a profundeza do teu ser, assim será teu desejo. O que for o teu desejo, assim será tua vontade. O que for tua vontade, assim serão teus atos. O que forem teus atos, assim será teu destino." (Brihadaranyaka Upanishad IV, 4.5).
     Os analectos são uma compilação de ensinamentos de Confúcio (551-479 a.C) realizada pelos seus discípulos após a morte do mestre e de uma influência incomensurável no oriente, principalmente na China. Mais do que uma filosofia, trata-se de de uma 'visão de vida': o ponto central da obra de Confúcio, o homem moralmente ideal e como atingir tal excelência moral, é algo a ser construído aos poucos e a todo momento, nas pequenas ações diárias. Se a meta de Confúcio era a excelência moral e de caráter, ao alcance de todos os homens, os meios para se chegar a ela eram o cultivo da benevolência, sabedoria e coragem. De tão rico e sutil, o pensamento de Confúcio dificilmente pode ser parafraseado ou resumido. Assim, por tratar de questões como respeito aos mais velhos, os deveres de cada um e a necessidade de uma pessoa buscar coerência entre o que diz e o que faz, Os analectos tornam-se um contraponto essencial no mundo de hoje, de decadência de valores morais.
     Os analectos/Confúcio; tradução do inglês de Caroline Chang; tradução do chinês, introdução e notas, [glossário de nomes e apêndices sobre a vida de Confúcio e de seus discípulos] de D.C.Lau; Porto Alegre, RS:L&PM, 2007): "Para ter responsabilidade moral, ele acreditava, um homem deve pensar por si próprio. Essa crença fez com que Confúcio desse tanta importância ao pensamento quanto ao aprendizado. [...]". Na introdução escrita por D.C. Lau, colhe-se alguns fragmentos: "[Filósofos interessados no campo da moral geralmente podem ser divididos em dois tipos: aqueles que se interessam pela essência moral e aqueles que se interessam pelos atos morais. [...] Obrigações políticas têm sua raiz nas obrigações familiares. [...] Benevolência (jen) é a qualidade mais importante que um homem pode ter. [...] Um homem (jen) sem consistência não dará nem um xamã nem um médico. [...] A capacidade de tomar o que está ao alcance da mão como parâmetro pode ser considerado o método de benevolência. [...] Um homem sábio nunca fica indeciso no seu julgamento sobre o certo e o errado. [...] Outro atributo do homem sábio é que ele conhece os homens. [...] Merece ser um professor o homem que descobre o novo ao refrescar na sua mente aquilo que ele já conhece. [...] Um homem deve ser respeitável nas suas relações com os outros porque desse modo ele pode evitar insultos e humilhações. [...] Retidão é basicamente uma característica de atos, e sua aplicação a pessoas é derivativa. Um homem é correto apenas na medida em que faz o que é certo. A retidão dos atos depende da sua conveniência moral nas das circunstâncias e tem pouco a ver com a disposição ou a intenção da pessoa que age. É aqui que a distinção entre agente-ético e ação-ética se torna relevante. [...] O governo pela virtude pode ser comparado à estrela Polar, que comanda a homenagem da multidão de estrelas sem sair do lugar.[...] Aqueles que nascem com conhecimento são os mais elevados. [...] O estudo, (...) é um árduo processo que nunca termina.[...] Finalmente, Confúcio disse que se ele elogiava alguém, podia-se ter certeza de que esse alguém havia sido testado. [...] Eis aqui um homem que, de fato, apreciava as alegrias da vida." (D.C.L). Um livro para ser estudado muitas vezes. Um livro obrigatório para quem perdeu O Profeta de Kahlil Gibran. Aqui está um roteiro seguro para quem quer construir um futuro melhor. Somos todos viajantes de uma jornada cósmica - poeira de estrelas, girando e dançando nos torvelinhos e redemoinhos do infinito. A Vida é eterna. Embora suas expressões são efêmeras, momentâneas, transitórias. Gautama Buda, fundador do budismo, disse certa vez: "Nossa existência é transitórias como as nuvens do outono. Observar o nascimento e a morte do ser é como olhar os movimentos da dança. Um vida é como o brilho de um relâmpago no céu, Levada pela torrente montanha abaixo.". Paramos um instante para encontrar o outro, para nos conhecermos, para amar e compartilhar. É um momento precioso, embora transitório. Um pequeno parênteses na eternidade. Se partilharmos carinho, sinceridade, amor, criamos abundância e alegria para todos. Esse momento de amor é valioso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário