sábado, 7 de janeiro de 2017

A Escravidão, a Dor e o Prazer

     Epiruco (341-270 a.C), escrevera: "Ninguém, quando jovem, deixe de filosofar nem, quando velho, se canse filosofando. Pois ninguém é jovem demais nem demasiado velho, para fazer algo em favor de sua saúde espiritual. Quem julgasse ser muito cedo ou minimamente tarde para dedicar-se à filosofia, seria semelhante àquele que afirma que a hora exata de sua felicidade ainda não chegou ou que já se escoou. Portanto, a filosofia cabe tanto ao jovem quando ao velho" (Carta a Meneceu). E que se deve buscar o prazer e fugir da dor. Ao erigir o prazer em bem supremo, ele não estava sustentando nem que o bem é aquilo que parece bom a cada qual, nem que a felicidade consiste em buscar todo e qualquer prazer. Mesmo porque a dor, o medo e o sofrimento estão sempre à espreita: a missão da ética é ensinar a evitá-los ou a suportá-los. Quanto a sentir prazer, todo mundo já nasce sabendo. O que podemos e devemos aprender é escolher os prazeres mais propícios a vida feliz, que nos torna 'como em deus entre os homens', escrevera. Santo Agostinho (354-430) escrevera que quando a vontade se submete à razão teremos o bem e quando a vontade fica acima da razão teremos o mal. Uma das finalidades básicas da educação é libertar a mente humana dos seus vários grilhões. Se a liberdade é relativamente esclarecida e responsável, quanto mais, melhor. O maior interesse do professor é a libertação e cultivo da variedade em todas as pessoas normais. Até mais ou menos recentemente, toda a estrutura da sociedade civilizada apoiava-se na instituição da escravidão humana. O professor liberta o estudante da escravidão cultural, da ignorância sobre o mundo material, da ignorância social, da falta de conhecimento e lhe dá um ritmo de crescimento que o torna capaz de absorver e aumentar seu conhecimento, de organizar e produzir significativamente. As pessoas são escravizadas de tantas maneiras diferentes. A escravidão comporta mais de um tipo. Um tipo sensível é a escravidão moral. Esse tipo propicia o preconceito, a ignorância, o egoísmo e a confusão. Mahatma Gandhi (1869-1948) escrevera algo que serve como exemplo de escravidão moral: "Por Que As Pessoas Gritam?
Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seus discípulos:
- Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?
- Gritamos porque perdemos a calma, disse um deles.
- Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado? – Questionou novamente o pensador.
- Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça, retrucou outro discípulo.
E o mestre volta a perguntar:
- Então não é possível falar-lhe em voz baixa?
Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador. Então ele esclareceu:
- Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se está aborrecida? O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam muito.
Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente.
Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para ouvir um ao outro, através da grande distância.
Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas?
Elas não gritam. Falam suavemente.
E por quê?
Porque seus corações estão muito perto.
A distância entre elas é pequena.
Às vezes estão tão próximos seus corações, que nem falam, somente sussurram.
E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se olham, e basta.
Seus corações se entendem.
É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.
Por fim, o pensador conclui, dizendo:
“Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta.". Segundo Earl V. Pullias, "Quase tudo na vida moderna é confuso e apinhado. Parecemos literalmente hipnotizados pela necessidade de fazer mais, aprender mais, obter mais, até que o mais se transforma numa obsessão. Esse impulso para o mais penetra e influencia todas as fases da vida, incluindo a educação.". Daí a indagação, segundo ele: "Qual é o conhecimento digno de ser sabido? [...] Talvez estejamos já tão adiantados na estrada da aglomeração que nem sequer podemos parar e fazer estas perguntas, sem falar da descoberta de respostas inteligentes e objetivas.", sentencia ele. Se é verdade que alguma coisa, no homem, o atrai para os maiores riscos da vida, neste sentido, é lícito finalizar dizendo que o professor é um guia na jornada do aprendizado, com todos os desafios que isso possa representar e a mais sutil, difícil e importante de todas as tarefas do professor como guia talvez seja a de dar vida e significado à jornada do aprendizado, considerando que toda jornada tem um propósito ou destino, o qual depende também e muito do aluno.

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